Boa noite, hoje trazemos o projeto do Espaço Cultural do Choro em Brasília.
Nascido em 15 de dezembro de 1907, caioca, o grandissísimo Oscar Niemeyer, que em seus 103 anos de idade ainda continua encantando a todos com sua criatividade e lucidez com suas grandes propostas arquitetônicas. Conhecido como um dos maiores arquitetos modernistas do mundo, tendo seus projetos para a cidade de Brasilia como obras chaves de sua carreira, Niemeyer tras mais um projeto para a capital deste belíssimo Brasil, o Espaço Cultural do Choro.
O texto e imagens a seguir foram retirados do site ArcoWeb.
O conjunto didático-cultural é composto por auditório, uma ala de salas de aulas e espaço de convivência
“Ficamos reunidos das nove da manhã às quatro da tarde e ele quis conhecer todos os detalhes do nosso trabalho.” É assim que o presidente do Clube do Choro de Brasília, Henrique Lima Santos Filho, conhecido entre os músicos como Reco do Bandolim, relata seu encontro com Oscar Niemeyer, na segunda metade da década de 2000.
Depois de dez anos, o trabalho de formiguinha idealista em prol da instituição - Reco conta que, muitas vezes, usou seu salário de jornalista para pagar despesas do clube - passava a ser reconhecido por várias pessoas, entre elas o mais famoso arquiteto brasileiro, que convidou o instrumentista para ir a seu escritório no Rio de Janeiro e se propôs a desenvolver o projeto de uma nova sede para a entidade e para a Escola de Choro, depois batizada com o nome de Raphael Rabello. Reco recorda de Niemeyer ter dito que se ressentia da falta de espaço para o ritmo na mídia em geral.
As curvas, que fazem parte do repertório clássico de Niemeyer, também estão presentes no Espaço Cultural do Choro
Espaço ajardinado que separa a sala de concertos da ala de estudos
A volumetria alterna blocos mais altos e mais baixos
Aproximadamente oito meses depois dessa reunião, o arquiteto apresentou e doou ao clube o projeto, que foi desenvolvido com a colaboração de Fernando Andrade, representante em Brasília do estúdio de Niemeyer. Implantado no Setor de Divulgação Cultural (SDC) no Eixo Monumental, o Espaço Cultural do Choro fica ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que antes abrigava, em seus vestiários, a sede da entidade.
O conjunto didático-cultural é composto por umauditório (uma espécie de teatro-bar, na definição do presidente do clube) de 400 lugares e o espaço destinado às atividades de ensino, frequentadas atualmente por cerca de 800 alunos - Reco acredita que esse número pode aumentar com a nova sede e também em função de uma parceria acertada com aUniversidade de Brasília.
A edificação é formada por um único volume de planta semicircular. Andrade explica que a construção é composta por três setores bem definidos: salas de aulas, sala de concertos/ teatro-bar e pátio de convivência. Salas de aulas, oficina e salas de estudos individuais distribuem-se na ala mais próxima da periferia, enquanto o espaço para apresentações fica mais ao centro, conectado ao pátio.
Embora só agora tenha conseguido instalações à altura de sua importância cultural - o jornalista Sérgio Cabral, historiador e pesquisador da música popular brasileira, afirmou que o Clube do Choro é uma das mais importantes instituições do país -, esse gênero musical originário do Rio de Janeiro embala a gênese de Brasília.
Nos registros do clube consta que, já nas primeiras visitas que fez à futura capital, o presidenteJuscelino Kubitschek foi acompanhado do violonistaDilermando Reis, que animava as noites do Catetinho. Na década seguinte, Jacob do Bandolim, excepcional músico e célebre chorão, também passou temporadas na capital para cuidar da saúde e, nesses períodos, participou de apresentações memoráveis na residência da pianista Neusa França.
Dessas rodas de choro costumavam tomar parte músicos/funcionários públicos que tinham vindo da antiga capital. Foram essas exibições e o bandolim de Jacob que fizeram germinar a semente do clube, que ganharia uma sede em 1977 - Elmo Serejo Faria, então governador do Distrito Federal, cedeu aos chorões um espaço para se instalarem: osvestiários do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Houve, porém, um período, em que o clube parecia condenado. No início da década de 1990, o governo quis retomar o espaço, pois desde 1983 não havia mais apresentações na casa do choro, que, abandonada, serviu até de moradia a mendigos. Foi nesse momento que Reco do Bandolim, nascido na Bahia e musicalmente formado ouvindo rock - “sou da geração Woodstock”, afirma -, mas também identificado com o ritmo, assumiu a presidência e a tarefa de revigorar a entidade.
Um dos mais recentes projetos de Niemeyer concluídos em Brasília, o Espaço Cultural do Choro deve ser aberto em maio. Em janeiro, o Ministério da Cultura assinou convênio com a instituição e iria repassar a ela recursos para a compra de mobiliário, equipamentos audiovisuais e instrumentos musicais para a escola.
Conjunto foi concluído em dezembro e deve ser aberto em maio
A circulação central organiza o fluxo na ala que tem as salas de aulas coletivas, de um lado, e espaços individuais de estudo, do outro
Sala de aulas da Escola de Choro Raphael Rabello
De escala modesta, simples e elegante, a arquitetura do conjunto aproxima-se mais das notáveis obras do arquiteto do que de suas recentes construções de grande porte. Para defini-la, pode-se recorrer ao próprio gênero musical que acolhe, e o espaço seria como o título de um dos mais conhecidos choros de Waldir Azevedo: delicado.
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 375 Maio de 2011
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 375 Maio de 2011
Formado engenheiro-arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1934, Oscar Niemeyer continua em atividade, aos 103 anos de idade. Uma de suas obras mais recentes é a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, em Belo Horizonte
Palavras-chave: Oscar Niemeyer; Architect; arquitetura; espaço cultural; Brasília; concreto; arte.
Palavras-chave: Oscar Niemeyer; Architect; arquitetura; espaço cultural; Brasília; concreto; arte.
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